Conteúdo atualizado em 17/01/2025 por Kate Moraes

O mercado de Foodservice, que abrange toda a cadeia de alimentação preparada fora de casa, é um setor dinâmico e crucial para a economia brasileira. Compreendendo desde grandes redes até pequenos estabelecimentos independentes, como restaurantes, padarias e bares, o segmento tem apresentado um crescimento significativo e diversas transformações ao longo dos anos. Estudos recentes revelam dados importantes sobre o número de estabelecimentos, o impacto da inflação, tendências de consumo, e as expectativas de crescimento para 2024, refletindo o otimismo e os desafios enfrentados por empresários do setor.

Confira, neste conteúdo, dados do mercado foodservice brasileiro, como números do setor, expectativas para o seguimento, a relação da Inteligência Artificial com o foodservice e muito mais.

O Mercado de Foodservice

O termo Foodservice é utilizado para definir toda a cadeia da alimentação preparada fora do lar. Indústrias, distribuidores, atacadistas e operadores de todos os tipos das redes aos independentes, como restaurantes, padarias, confeitarias, cafeterias, bares etc.

Números do setor

Em estudo realizado pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB),em parceria com a Driva, mostra que, entre julho e outubro de 2023, o Brasil possuía 1,6 milhão de estabelecimentos ativos no setor de Foodservice, com faturamento de R$ 217,6 bilhões. O segmento de lanchonetes liderou em número de unidades em atividade, com total de cerca de 227 mil pontos no País. Já o segmento de bares ocupou a segunda colocação, com 144,36 mil unidades.

Já a pesquisa Crest, realizada pela Mosaiclab em parceria com o IFB, indica que as refeições fora de casa diminuíram durante o segundo trimestre de 2023, no qual houve uma queda de 5% no número de visitas, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O setor registrou um total de 3,1bilhões de visitas, com gasto total de R$ 59,9 bilhões.

Mesmo com a queda de 34% no faturamento total do setor em 2020 por conta da pandemia. Em 2021 houve uma recuperação de 18% e em 2022 o setor atingiu o mesmo patamar de 2019. Em 2023 andou de lado, com crescimento de apenas 1%.

Expectativas para o segmento foodservice

Em 2024, o segmento de Foodservice segue com otimismo, porém com senso de realidade aguçado. Ainda há uma massa importante de empresários endividados, especialmente, os de operações independentes, mas as grandes redes mais estruturadas têm tido sucesso e com expectativa de expansão e decrescimento para este ano. Para 2024, segundo o time de inteligência de mercado da Gouvêa Ecosystem, a projeção de crescimento do segmento é de 5% em um cenário conservador e 7% em um cenário otimista.

Impactos da inflação no setor‍

O consumidor ainda está extremamente sensível a preço e, apesar da massa salarial estar maior do que em anos anteriores, o poder de compra do brasileiro está reduzido. Com o impacto da inflação na alimentação fora do lar, as pessoas acabam optando por fazer refeições dentro de casa.

O crescimento do segmento de produtos veganos e vegetarianos

O segmento de produto veganos e vegetarianos teve um boom entre 2018 e 2019. Famosas lanchonetes trouxeram para os seus cardápios produtos plant based e marcas alimentícias levaram aos supermercados opções de congelados veganos, assim como, ocorreu o surgimento das novas marcas de leites vegetais. De acordo com os resultados de uma pesquisa realizado pelo Ibope DTM a pedido da Archer Daniels Midland, 52% dos consumidores brasileiros se identificam como flexitarianos. Entre 15 a 18% dos entrevistados, se dizendo vegetariana ou vegana.

Em 2020, com a pandemia, o consumidor ficou com um sentimento de restrição, que gerou nas pessoas a vontade de consumir produtos variados, criando assim em uma desaceleração do consumo dos produtos plant based. Desta forma, a indústria, que investiu no plant based, ainda está aguardando o aumento do consumo.

Os chefs de restaurantes de alta gastronomia, nos últimos dez anos passaram a abraçar o conceito e, nos últimos cinco anos as opções veganas e vegetarianas ganharam mais sofisticação a partir das técnicas aplicadas por esses renomados profissionais, ganhando cada vez mais espaço nos cardápios.

‍Razões para o crescimento de ofertas de produtos plant based

Dentre as principais razões para o crescimento, destacamos:

  • preocupação com a saúde;
  • crescimento de alergias alimentares;
  • preocupação com o meio ambiente;
  • moda;
  • proteção aos animais.

O cliente deseja reduzir ao máximo o atrito seja em um restaurante, em loja ou online. A entrega humanizada vai ser avaliada e validada pelo cliente como um grande diferencial – Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice
Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice

Qual é a relação da Inteligência Artificial com o Foodservice?

No Foodservice, a Inteligência Artificial está aplica em diversos processos, como por exemplo:

  • gestão da produção do campo;
  • rastreabilidade de produtos industrializados;
  • monitoramento na carga;
  • predição de pedidos a partir de dados;
  • gestão por indicadores;
  • controle de desperdício e qualidade;
  • pedidos e pagamentos digitais;
  • relação entre operadores e os consumidores.

Como a IA pode ajudar os estabelecimentos do foodservice na relação com o consumidor?

As questões ligadas a pedidos e pagamentos são muito importantes, pois são momentos críticos de potencial na jornada do consumidor. E, por meio dos dados, os estabelecimentos conseguem prever o comportamento do consumidor e também avaliar sua experiência no local, tendo a possibilidade de criar estratégias para tornar a experiência do cliente cada vez melhor.

É possível adicionar tecnologia para leitura da expressão facial do cliente desde sua entrada na loja, momento do pedido e sua interação geral. Sem sua identificação personificada, somente suas expressões.

Com a captação de dados dos clientes, realizações de pesquisas e acompanhamento do seu comportamento a inteligência artificial é possível entender as preferências deste cliente: o que ele gosta, de que modo quer, quais são suas restrições, entre outras informações. Isto pode favorecer a melhoria e a customização da experiência.

Desafios do Foodservice no uso da Inteligência Artificial

Os principais desafios em relação ao uso de IA no foodservice são:

  • ética;
  • preocupação sobre a substituição de pessoas por computadores;
  • a desumanização em relação ao atendimento.

Desafios na exportação de alimentos industrializados

Exportar alimentos para outros países é desafio para qualquer indústria. No entanto, o segmento de alimentos tem uma questão adicional para lidar: manter a estrutura do produto e sua qualidade no transporte de um país para outro. Veja abaixo alguns pontos importantes que as indústrias alimentícias devem levar em consideração ao planejar atingir novos mercados.

  1. Verificar a disponibilidade de investimento total para a exportação;
  2. construir uma base de aceitação e experimentação do produto para os novos consumidores;
  3. descobrir culturalmente como o produto exportado se conectará com os consumidores do novo país;
  4. se o produto for congelado, levar em consideração a alta dependência da cadeia de frio;
  5. ter aprovação de entrada no país de destino;
  6. ter uma comunicação eficiente e atrativa em suas embalagens para os novos consumidores;
  7. montar um plano de comunicação, que pode levar em consideração a contratação de influenciadores locais.

Marcas digitais no Foodservice

No auge da pandemia, o delivery atingiu um patamar de 21% em relação ao tráfego total do mercado de foodservice. Atualmente, esse número  é de 15%.

A vantagem do canal digital é a possibilidade de o estabelecimento atingir clientes que talvez não fossem na sua loja. Por outro lado, o cliente digital tem mais opções do que o presencial, por isso, a concorrência é alta e a expectativa do consumidor também é.

O advento das marcas 100% digitais ocorreu com aceleração tecnológica que se deu com a pandemia. Desta forma, muitos estabelecimentos de alimentação fora do lar passaram a atender os clientes exclusivamente pelo uso de aplicativos ou site.‍

Quais são os pontos de atenção que as marcas digitais de foodservice devem levar em consideração?

As marcas digitais de foodservice devem levar em consideração os seguintes pontos:

  • mix ideal para o atendimento no delivery. Nem tudo viaja perfeitamente no delivery. Não entregar é melhor do que entregar algo ruim;
  • fazer a precificação correta, tomar a decisão de usar plataformas próprias agregadores;
  • fluidez da operação em loja. Idealmente analisar a capacidade do time anteder ao canal físico e digital simultaneamente ou criar operação adicional/complementar;
  • cuidado com a embalagem. Lacres, selos, tudo o que preserve o produto e gere apercepção de valor;
  • gestão de relacionamento com o cliente, tanto nas redes sociais quanto nas plataformas próprias;
  • ter protocolos para solucionar problemas ou crises no atendimento.

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Imagem: Pexels

Autores

  • Kate Moraes é assessora de imprensa e produtora de conteúdo da Gouvêa Ecosystem. Formada em jornalismo pela PUC-Rio, com MBA em Marketing, tem mestrado em Gestão Internacional pela Université Pierre-Mendes, na França. Ao longo de sua carreira, trabalhou com comunicação e eventos, atuando nas áreas de Construção Civil, Educação Internacional, Logística, Resseguro, Saúde, Tecnologia, Telecomunicações, Terceiro Setor e Varejo.

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  • Cristina Souza é fundadora e CEO da Gouvêa Foodservice, empresa da Gouvêa Ecosystem. É nutricionista, pós-graduada em Marketing de Serviços, com Extensão em Gestão de Empresas de Varejo, e tem MBA em Gestão de Negócios. Com mais de 25 anos de experiência em foodservice, Cristina é especialista em estratégia, gestão, operações e marketing para alavancagem de negócios. Lidera uma das mais importantes consultorias especializadas no segmento de alimentação fora do lar do país, entregando ao mercado soluções em estratégia e gestão para negócios de todos os portes, redes, franquias, distribuidores, indústrias e fornecedores integrados do setor. É palestrante em eventos nacionais e internacionais especializados em foodservice, entre eles, NRA SHOW, LATAM Retail Show e Retail Executive Summit. É professora em cursos de pós-graduação e colunista dos portais Mercado&Consumo, Food Connection e Vapza. É Líder do Comitê de Tecnologia do IFB e Líder do Comitê de Educação da ABF Rio de Janeiro.

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  • Paulo Machado é coordenador de marketing e membro do comitê de diversidade e inclusão da Gouvêa Ecosystem. Atua com iniciativas de CRM, SEO, websites e automações de marketing. Formado em Comércio Exterior pela Universidade Paulista e pós-graduado em Gestão Estratégica de Marketing pelo Senac-SP, acumulou experiência como analista de importação atuando para empresas de varejo, farma e indústria. No marketing digital, desenvolveu projetos em setores como aviação, educação, jurídico, e-commerce, contabilidade, logística internacional e startups.

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  • A Gouvêa Ecosystem é um ecossistema de consultorias e inteligência de mercado que conecta empresas a tendências globais, inovações e estratégias, oferecendo soluções completas em varejo, consumo e digitalização. Com expertise reconhecida, promove insights e experiências que impulsionam negócios e lideranças no Brasil e no exterior.

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