Conteúdo atualizado em 06/02/2025 por Kate Moraes
Cecília Rapassi, sócia-diretora da Gouvêa Fashion Business, deu uma entrevista exclusiva para o Jornal Money Times da Times Brasil (CNBC), na tarde de hoje, dia 5. Na conversa com os jornalistas Natália Ariede e Felipe Machado, o foco foi a análise dos resultados positivos da produção industrial, que, no último ano, registrou um crescimento de 18,3% na produção de têxteis e uma alta de 6,3% na confecção de vestuário e acessórios, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir deste panorama, a executiva compartilhou sua visão sobre os impactos das mudanças recentes no mercado de moda e as tendências que estão moldando o futuro do setor.
Fast fashion e o impacto do ultra fast fashion
A diretora destacou três fatores principais que têm moldado o mercado de moda nos últimos anos. O primeiro deles é o impacto do fast fashion, iniciado com a chegada da Zara ao Brasil no início dos anos 2000. Com preços mais acessíveis, maior agilidade nos lançamentos e uma produção em larga escala, a Zara deu início a uma nova era para o consumo de moda no país. No entanto, o verdadeiro impacto veio em 2020, com o avanço do ultra fast fashion. Plataformas como Shein, Shopee e Temu dominaram o mercado, oferecendo uma experiência de compras ainda mais rápida e preços imbatíveis. Cecília observa que esse fenômeno mudou profundamente o comportamento do consumidor, que agora tem mais acesso a produtos de moda, porém, muitas vezes a um custo de qualidade.
O papel do TikTok e a mudança na cadeia de moda
Cecília Rapassi destacou também que outro fator que tem acelerado essas mudanças é o TikTok. A dinâmica de tendências criadas em minutos e com grande potencial de viralização está alterando a forma como as marcas criam, lançam e abastecem o mercado com novas coleções. Isso trouxe desafios para as marcas que, tradicionalmente, tinham um ciclo de criação que podia durar até um ano.
Os benefícios das taxas e o impacto na produção local
No cenário brasileiro, a diretora apontou que as novas taxas de importação de produtos, como as que incidem sobre plataformas transnacionais, têm gerado um efeito positivo para o mercado nacional. O movimento de nearshoring, ou a produção mais próxima do mercado consumidor, está ganhando força no Brasil. As próprias plataformas asiáticas estão intensificando a produção local, o que pode ajudar a fortalecer a competitividade do setor têxtil brasileiro. Ela acredita que isso pode ser uma oportunidade para as confecções locais, além de melhorar o abastecimento de matéria-prima.
A moda e a sustentabilidade: o desafio de equilibrar preço e responsabilidade
Um ponto crítico abordado por Cecília foi o impacto ambiental da indústria da moda, especialmente no contexto do fast fashion e ultra fast fashion, que são frequentemente criticados pelo uso de matérias-primas baratas e de baixo impacto ambiental. As novas regulamentações sobre economia circular prometem trazer mudanças nesse cenário, mas, na visão da executiva, a maior pressão por práticas mais responsáveis virá dos próprios consumidores.
Ela também destacou as ações de grandes redes de moda brasileiras, como C&A e Renner, que têm investido em práticas de sustentabilidade e responsabilidade social, provando que é possível adotar um modelo de negócio mais consciente sem abrir mão da competitividade.
O futuro das marcas de moda: entre tendências rápidas e autenticidade
Por fim, Cecília refletiu sobre como a criação de novas coleções tornou-se mais desafiadora com o avanço das tendências rápidas, muitas vezes impulsionadas por plataformas como o TikTok. A necessidade de adaptação é grande, mas ela alerta que as marcas precisam manter sua autenticidade e não se deixar levar por todas as tendências passageiras.
As colaborações entre marcas e influenciadores ou até de diferentes setores estão sendo uma alternativa para conectar a moda com as novas gerações sem perder a essência.
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